Mãe é tão especial que até Deus quis ter uma. Ser mãe é padecer no paraíso. Sófocles afirmou que os filhos são âncoras que mantêm as mães agarradas à vida. Poderíamos encher todas as páginas desse jornal e, muitas outras mais, se fôssemos escrever todas as poesias, provérbios, ditos e trovas que enaltecem as mães. De fato, na maternidade, há algo de divino.
Hoje queremos agradecer a Deus pela mãe que Ele nos deu. Rezamos pelas mães que já partiram dessa vida e estão no Céu. Agradecemos a Deus, nós que temos a graça de ter nossa mãe conosco, por esse presente divino. Para nós católicos o presente é duplo. Temos duas mães: a da terra e a do Céu, Maria de Nazaré, que é a mãe de Jesus e nossa também.
Para as mães da terra, além da enorme gratidão pelo que elas são em nossa vida, gostaria de dar-lhes nesse seu dia especial, um conselho: não se culpem pelos erros dos seus filhos adultos. Não vou dizer para que vocês não sofram por causa dos erros deles, pois isso seria pedir algo impossível. Aconselho a não se culparem pelos erros deles.
Você, mãe, esforçou-se para realizar do melhor modo possível a sua missão de mãe. Mas, como todo humano, teve suas virtudes e defeitos. Você desejou e se esforçou para educar, ensinar e transmitir a fé e os valores nobres aos seus filhos quando pequenos. Eles cresceram e cada um foi assumindo a própria vida, com erros e acertos, como é o normal no caminho do amadurecimento humano. Você, mãe, não é culpada pelos erros e descaminhos dos seus filhos adultos.
A missão de uma mãe não termina nunca. A missão de uma mãe de filhos adultos não é mais falar ou ensinar (até porque eles não lhes escutam mais!).  Sua missão como mãe de filhos adultos é, sobretudo, rezar por eles e lhes dar o bom exemplo sempre. Pode, e deve, também falar, mesmo sabendo que não será ouvida como antes. A semente do bem fica plantada no coração dos filhos e, pela graça de Deus, seja por amor ou pela dor, um dia a semente brotará.
Nossa Mãe do Céu é a própria mãe de Jesus que Ele nos deu no alto da Cruz dizendo: Eis a tua mãe (Jo 19,27). Santa Teresinha escreveu que gostaria de ter sido padre para poder fazer um sermão sobre Maria Santíssima que, ao contrário dos exagerados sermões da sua época, exaltasse a simplicidade de Nossa Senhora. Ela escreveu uma longa poesia intitulada: Porque eu te amo, Maria!
Para a Mãe de Jesus e nossa, não tenho palavras adequadas e suficientes, por isso, recorro à inspirada oração de D. Helder Câmara:
Mãe, não quero nada. Vim apenas te ver…
Em nome de todos os homens que vivem te suplicando, em nome de todos os irmãos que já se aproximam de ti de mãos estendidas, deixa que eu esqueça um momento o vale de lágrimas, a terra das tristezas, nossa miséria de mendigos, nossa pobreza de criaturas, nossa tristeza de pecadores, para saudar-te, Rainha nossa e Virgem Mãe de Deus!
Bendito seja o Criador de teu olhar boníssimo que tem o dom de acender a esperança nas almas desalentadas, nos corações em desespero à beira do abismo, do irremediável, do fim!
Bendito seja o Criador de tuas mãos sem mancha, por onde passa toda luz que tomba sobre a escuridão dos homens! Bendito seja o Criador de tua sombra suavíssima pois, já notei, Mãe querida, que bastam a tua lembrança, o teu perfume, para encher a solidão da vida, a solidão do homem.
Mãe, não quero nada. Vim apenas te ver…
Por Dom Rubens Sevilha, OCD, bispo de Bauru. Artigo publicado no Jornal da Cidade – Coluna “Conversando com o Bispo” de 12 de maio de 2019.